segunda-feira, 14 de outubro de 2013

China mantém sonho espacial, 10 anos após 1ª missão do "taikonauta"

Dez anos depois de ter enviado o primeiro astronauta ("taikonauta" em chinês) ao espaço, a China mantém seu ambicioso programa espacial, que rende ao país prestígio militar e econômico, enquanto a concorrente americana, Nasa, está paralisada por causa da crise orçamentária.
Em 15 de outubro de 2003, o astronauta Yang Liwei orbitou 14 vezes a Terra a bordo de uma nave Shenzhou 5 em 21 horas, abrindo o caminho da China para a exploração do cosmos.
Mais de 40 anos depois do voo histórico do soviético Yuri Gagarin, esta façanha fez da China o terceiro país, depois de URSS e Estados Unidos, capaz de fazer um voo espacial tripulado.
Desde então, o país enviou dez astronautas - oito homens e duas mulheres - ao espaço em cinco missões, assim como um módulo espacial colocado na órbita da Terra, o Tiangong-1.
O regime, que financia este programa supervisionado pelo Exército investindo bilhões de dólares, considera que se trata de um sinal importante do novo estatuto internacional do país, de seu domínio tecnológico e também da capacidade do Partido Comunista de modificar o destino de uma nação outrora castigada pela pobreza.
Suas ambições terminarão no dia em que um chinês pisar na superfície da Lua, antecedido até o fim deste ano pelo pouso no satélite natural de um veículo automatizado de exploração.
Uma quarta instalação de lançamento será inaugurada em dois anos e por volta de 2020 será concluída a construção de uma estação espacial que será posta em órbita ao redor da Terra, a Tiangong-3.
Na mesma época, a Estação Espacial Internacional, desenvolvida por Estados Unidos, Europa, Rússia, Japão e Canadá, será abandonada depois de 20 anos de serviços.
Esta coincidência simbólica pode refletir também o deslocamento dos centros de poder no mundo na próxima década.
O rápido desenvolvimento do programa espacial chinês contrasta profundamente com o dos Estados Unidos, que lançou seu último foguete espacial em 2011 e cujos projetos de futuro são, por enquanto, vagos.​
Na semana passada, os organizadores de uma conferência da Nasa anunciaram que os funcionários não tinham mais acesso as suas mensagens eletrônicas, devido à crise orçamentária que afeta o governo americano.
Grande parte da tecnologia usada na exploração espacial tem repercussões militares, segundo especialistas. Mas a China também obteve outros benefícios, menos visíveis.
"Na Ásia, a China é considerada a líder regional da área espacial, o que rende ao país um verdadeiro prestígio militar e econômico", afirmou Joan Johnson-Freese, encarregada de assuntos de segurança no Colégio de Guerra da Marinha em Newport, e especialista em atividades espaciais chinesas.
"No restante do mundo, a vantagem econômica para a China é não ser considerada capaz de produzir apenas roupa barata", acrescentou.
A China ainda está longe das conquistas de Estados Unidos e da ex-União Soviética - embora tenha aprendido com os dois - e faltam anos para o lançamento de sua estação espacial.
Enquanto isso, Yang Liwei, general e vice-diretor da Agência Chinesa encarregada de programas tripulados, atualmente recebe solicitações de países em vias de desenvolvimento que querem enviar astronautas à órbita do planeta.
"Gostaríamos de treinar astronautas de outros países e organizações que têm esta demanda e adoraríamos realizar missões para astronautas estrangeiros", declarou, em setembro, durante um seminário em Pequim organizado pela ONU e pela China sobre tecnologia espacial. O Paquistão já indicou que quer estar entre os primeiros.
O programa espacial chinês, previsto para os próximos 30 anos, se baseia em "uma vontade política que não tem que responder a um eleitorado para perdurar, algo que, evidentemente é muito mais difícil para as democracias", afirmou Johnson-Freese.

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